
Em 1993, a Associação Europeia de Atletismo, aproveitando o modelo e o sucesso da atribuição de atletas mundiais do ano por parte da Federação Internacional, criou o troféu de Atleta Europeu do Ano.
Contudo, ao contrário da atualidade, em que o prémio é anunciado ainda antes do final do ano, houve tempo em que essa atribuição apenas era comunicada após o final do ano, ou seja, em janeiro, bem depois do prémio mundial.
Por isso o recordamos nesta crónica, hoje, dia 9 de janeiro, pois foi neste mesmo dia, em 2006 (já lá vão 19 anos), que foi anunciado o nome do primeiro (e único até hoje) português a vencer esse troféu: Francis Obikwelu.
E recordamos o que escrevemos, nessa altura, sobre essa consagração:
«Francis Obikwelu foi eleito Atleta Europeu do Ano num inquérito da Associação Europeia de Atletismo (EAA). O português, vice-campeão olímpico dos 100 metros nos Jogos de Atenas (2004) e vencedor dos 100 e 200 metros nos últimos Campeonatos Europeus de Gotemburgo (Suécia), onde conseguiu baixar a barreira dos 10 segundos no hectómetro (9,99).
Ao longo de 2006, o atleta venceu 16 corridas internacionais na distância dos 100 metros e seis dos 200 metros, além de se ter imposto na Taça da Europa em representação de Portugal e de ter alcançado, pela Europa, a medalha de prata da Taça do Mundo de Atenas.
“Este prémio representa o mundo para mim. Sinto-me muito honrado por recebê-lo como corolário de uma época (2006) que me correu especialmente bem”, referiu, ao tomar conhecimento da notícia.
Francis Obikwelu, que reside e treina em Espanha, foi eleito pelo público, imprensa e federações, recolhendo preferências à frente do lituano Virgilijus Alekna, campeão europeu do disco, e do lançador de dardo Andreas Thorkildsen, da Noruega.
A pontuação obtém-se somando a posição de cada atleta nas três categorias de votação. A imprensa e o público votaram em Obikwelu para primeiro lugar, enquanto a votação das federações o colocou em segundo, daí resultando quatro pontos (1+1+2).
Como curiosidade registe-se o facto de os primeiros 15 classificados homens serem de outras tantas nacionalidades, enquanto nas mulheres, nas primeiras dez, russas e suecas apresentam três nomeações cada, com Carolina Kluft, a heptatlonista sueca.»
Britânicos em força
Ao longo destes anos de distinção, a nação europeia com mais premiados é a Grã-Bretanha, com 11 atletas distinguidos, tendo ainda um seu atleta como o que mais vezes venceu o troféu, Mo Farah, que tem três triunfos.
É ele o máximo vencedor em 21 nomes diferentes, no sexo masculinos, sendo que no sexo feminino há 26 nomes, com três atletas a dividirem o topo, com dois troféus ganhos cada uma: a sueca Carolina Kluft, a croata Blanka Vlasic e a hokandesa Dafne Schipers.
Vejamos o histórico dos melhores atletas europeus em cada ano e no final, um anexo sobre Francis Obikwelu.
Ano | Masculinos | Femininos |
1993 | Linford Christie (Grã-Bretanha) | Sally Gunnell (Grã-Bretanha) |
1994 | Colin Jackson (Grã-Bretanha) | Irina Privalova (Rússia) |
1995 | Jonathan Edwards (Grã-Bretanha) | Sonia O'Sullivan (Irlanda) |
1996 | Jan Železný (Rep. Checa) | Svetlana Masterkova (Rússia) |
1997 | Wilson Kipketer (Dinamarca) | Astrid Kumbernuss (Alemanha) |
1998 | Jonathan Edwards (Grã-Bretanha) | Christine Arron (França) |
1999 | Tomáš Dvořák (Rep. Checa) | Gabriela Szabo (Roménia) |
2000 | Jan Železný (Rep. Checa) | Trine Hattestad (Noruega) |
2001 | André Bucher (Suíça) | Stephanie Graf (Áustria) |
2002 | Dwain Chambers (Grã-Bretanha) | Süreyya Ayhan (Turquia) |
2003 | Christian Olsson (Suécia) | Carolina Klüft (Suécia) |
2004 | Christian Olsson (Suécia) | Kelly Holmes (Grã-Bretanha) |
2005 | Virgilijus Alekna (Lituânia) | Yelena Isinbayeva (Rússia) |
2006 | Francis Obikwelu (Portugal) | Carolina Klüft (Suécia) |
2007 | Tero Pitkämäki (Finlândia) | Blanka Vlašić (Croácia) |
2008 | Andreas Thorkildsen (Noruega) | Yelena Isinbayeva (Rússia) |
2009 | Phillips Idowu (Grã-Bretanha) | Marta Domínguez (Espanha) |
2010 | Christophe Lemaitre (França) | Blanka Vlašić (Croácia) |
2011 | Mo Farah (Grã-Bretanha) | Mariya Savinova (Rússia) |
2012 | Mo Farah (Grã-Bretanha) | Jessica Ennis (Grã-Bretanha) |
2013 | Bohdan Bondarenko (Ucrânia) | Zuzana Hejnová (Rep. Checa) |
2014 | Renaud Lavillenie (França) | Dafne Schippers (Holanda) |
2015 | Greg Rutherford (Grã-Bretanha) | Dafne Schippers (Holanda) |
2016 | Mo Farah (Grã-Bretanha) | Ruth Beitia (Espanha) |
2017 | Johannes Vetter (Alemanha) | Katerina Stefanidi (Grécia) |
2018 | Kevin Mayer (França) | Dina Asher-Smith (Grã-Bretanha) |
Anexo Francis Obikwelu
Crónica anterior – Cross Zornotza, em Amorebieta, e ficha de Rosa Mota.